Objetivo

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Eu preciso cuidar de mim

Muitas vezes vamos deixando a nossa vida passar bem diante de nossos olhos e não fazemos nada além de ser meros espectadores, mesmo que ela se transforme em uma novela mexicana e soframos sem sequer saber por que...
Chega um momento em que as palavras já não mais fazem sentido, e já não são suficientes para explicar uma dor que se instalou no coração e ali fez moradia, uma dor que te incomoda todos os dias, a todo instante, e não se sabe mais o que fazer para tirá-la de lá.
O que fazer quando a voz que ouvimos já não é mais a do coração, mas sim a do desespero? O que fazer quando apenas uma coisa na sua vida domina toda a sua mente, e a falta dela tira completamente o sentido da sua existência? O que fazer quando o sono já deixou de ser um descanso para o corpo e passou a ser uma fuga da realidade para a alma? O que fazer quando as lágrimas e os livros são os seus mais fiéis companheiros dos últimos tempos? O que fazer quando um amor que antes te fazia feliz, hoje te cega e quase te leva à loucura? O que fazer quando sua vida é em função de uma pessoa para a qual você é nada? O que fazer quando você dorme e acorda com o mesmo pensamento todos os dias e não consegue nunca tirá-lo do seu foco de atenção? O que fazer quando não se sabe mais viver sem uma pessoa que logo se despedirá de você? O que fazer quando já não se sabe mais o que fazer?...
Eu preciso cuidar de mim, eu sei... e sei também que já passou da hora de dar um novo rumo à minha vida, o problema maior que vejo nisso é que eu não sei como se faz para mudar os princípios de uma vida...
Vou explicar: desde criança, tenho em mente que a felicidade verdadeira está ligada a um grande amor. Sempre fui uma pessoa à frente do meu tempo, e meu maior medo sempre foi, e ainda é, o de ficar sozinha. Diferentemente da grande maioria dos jovens da minha idade, eu não gosto de baladas, de curtição, do “ficar com um e outro por aí”, então o fato de não ter uma pessoa a meu lado me traz desespero, pois, além dessa questão de eu não gostar de bagunça, a sensação de solidão me assola de uma maneira que eu não consigo controlar e tira todo o brilho que eu tenho nos olhos.
E a verdade é que eu pensei que eu tinha encontrado esse grande amor dos meus sonhos, aquele que seria o pai dos meus filhos, aquele que seria a garantia de que eu nunca mais seria sozinha (embora eu saiba que nada nessa vida é garantido, afinal, a vida vive nos pregando peças), mas cada dia que passa, estou me convencendo de que, nas palavras de Ana Carolina, “eu sou a pessoa errada” para ele. Nossos caminhos vivem se encontrando e depois se perdendo, e eu tenho muito medo de que um dia eles se percam de vez, pois, eu confesso, eu o amo demais e não faço a mínima idéia do que será a minha vida se um dia isso acontecer. Tudo bem que ele me diz que tudo nessa vida se supera, que ninguém nasceu grudado a ninguém, portanto sabe viver sem a pessoa, e eu até acho que ele tem razão, mas me diz como se ensina ao coração não mais amar? Nós ficamos separados, e, de fato, eu vivi sem ele, mas a questão é que eu não sei se posso chamar aquele tempo de vida, pois eu me lembrava dele e chorava de saudades todos os dias e, no auge do desespero, no silêncio profundo do meu quarto, eu implorava a Deus para que o trouxesse de volta para mim, nem que fosse a última coisa que eu pudesse ter na minha vida eu queria, e as lágrimas se misturavam a uma dor intensa, que dilacerava o meu peito...
Eu sei que eu preciso me amar em primeiro lugar. Sei que preciso aprender a admirar o pôr-do-sol e usar os momentos em que estou sozinha para estar em contato comigo, para conhecer melhor os anseios da minha alma, para encontrar outras prioridades para a minha vida, que incluam meu crescimento profissional, meu autoconhecimento, mas eu não tenho tantos amigos a quem possa recorrer em noites frias de solidão e desespero, não tenho ouvidos que possam escutar minhas palavras de dor quando o coração dói tão forte que eu não possa suportar calada, eu não tenho tantos amigos para estar a meu lado e me ajudar a ficar de pé. Escolha própria? Eu não sei, creio que fui espectadora da minha própria vida por tanto tempo que estas escolhas acabaram fazendo parte do pacote de coisas que eu deixei a vida decidir por mim... enfim, eu sei que preciso olhar para mim e para a minha vida com outros olhos, que preciso aprender a me valorizar, a perceber as coisas que tenho de bom em mim, não apenas as ruins, que eu preciso ter um encontro sincero com a minha própria alma e com Deus, que eu preciso parar de permitir que a dor me destrua e me deixe depressiva, como tem acontecido ultimamente, que eu preciso aprender a dar valor às outras coisas da vida, não apenas ao amor... eu sei de tudo isso, só não sei como se faz para conseguir tudo isso...
Confesso que estou com muito medo. Medo do amanhã, medo da solidão, medo do abandono, medo de mim, medo do que as pessoas pensam ao meu respeito, medo da humilhação, medo da rejeição, medo do medo...
Já não sei mais o que faço, embora eu saiba exatamente o que deve ser feito e simplesmente não consiga colocar em prática...
A vida é muito mais difícil do que eu imaginava nos meus sonhos de criança...eu quero voltar a sonhar...

“Você é meu sol... e quase o ano inteiro os dias foram noites, noites para mim. Meu sorriso se foi, minha canção também; eu jurei por Deus não morrer por amor, e continuar a viver...”


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