Objetivo

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Expectativas

Eu sei que acontece com todo mundo. Sabe quando você confia numa pessoa cegamente, aposta todas as suas fichas nela, dá o melhor de si e acredita sinceramente que conheceu a melhor pessoa da sua vida, mas de repente, sem nenhum motivo aparente, esta pessoa simplesmente te decepciona?
Mas, pense bem: o que é a decepção, na verdade? O fato de alguém nos ter machucado, não significa exatamente que ela falhou, significa apenas que ela não fez o que esperávamos que ela fizesse.
A decepção nada mais é do que o outro não corresponder às nossas expectativas. Quem nunca se pegou esperando que alguém dissesse algo, mas que a pessoa nunca disse; ou fizesse algo, e na verdade, ela nunca fez?
A vida é um mistério, e o ser humano também. Às vezes não sabemos nem o que se passa dentro da nossa própria cabeça, o que dizer então sobre saber o que se passa na cabeça dos outros? Muitas vezes, condenamos o outro por alguma atitude tomada, mas nunca procuramos saber por que a pessoa decidiu daquela maneira, e não da maneira que esperávamos. O que nos parece muito claro, para o outro talvez não seja tão claro assim.
Por exemplo: pergunte a alguém que tem uma família estruturada, com pai e mãe casados, irmãos saudáveis e felizes, e harmonia no lar, o que ela acha da acusação de assassinato de Isabella Nardoni recair sobre o seu próprio pai. Provavelmente, esta pessoa te responderá que não acredita que um pai possa cometer tamanha atrocidade com a própria filha, algumas pessoas mais otimistas ainda te dirão que, com certeza, não foi ele, que existiu uma terceira pessoa na cena do crime, um desconhecido muito mau, destituído de sentimentos e princípios, que fez tamanha maldade com uma menina inocente.
Agora, faça a mesma pergunta a alguém com uma família completamente avessa, com um pai alcoólatra ou drogado que espancava os filhos e a esposa, ou a alguém que não teve pai ou mãe, alguém em situação de abandono ou de completo desequilíbrio familiar. Esta pessoa, com certeza, te responderá naturalmente que acha que foi o pai quem matou a própria filha, como se isso fosse uma coisa normal, como milhares de casos de assassinato que vemos e ouvimos todos os dias.
As pessoas não são iguais, e não passam por experiências de vida iguais, é por isso que cada um interpreta as várias situações da vida de uma maneira diferente, de acordo com os princípios, traumas e ambiente que conheceu e conviveu ao longo de sua vida.
É muito fácil nos colocarmos em situação de vítima e culpar o outro por todas as nossas infelicidades e frustrações, mas difícil mesmo é parar por um instante, tirar a máscara da perfeição que esconde todos os nossos defeitos e se colocar no lugar do outro, tentar compreendê-lo antes de simplesmente julgá-lo com a nossa arrogância desmedida de quem acha que está acima do bem e do mal, arrogância que, às vezes, nos faz acreditar que somos pessoas maravilhosas, e com o coração repleto de bons sentimentos o tempo inteiro, o que não é verdade. Todos nós temos momentos de raiva. Todos nós já agimos motivados pelo calor do momento pelo menos uma vez. Todos nós já tomamos atitudes inconseqüentes em algum momento de nossas vidas. Todos nós já machucamos o coração de alguém. Simplesmente porque somos imperfeitos, como todos os seres humanos da face da Terra, e é esta imperfeição que nos faz errar.
Então, antes que possamos esperar qualquer coisa de qualquer pessoa, precisamos ter paciência e compreensão para analisar a atitude do outro e perdoar, se necessário, pois às vezes somos magoados pelas pessoas que mais amamos, mas nem sempre aquela foi a real intenção dela. Alguns de nossos atos são involuntários, são um acontecimento isolado do que realmente somos, quando nos damos conta, já fizemos a bobagem e é um pouco tarde para corrigir. Mas se temos ao nosso lado pessoas que nos vejam e nos amem como a pessoa que somos, e não como a pessoa que elas esperam que sejamos, tudo fica mais fácil de ser resolvido.
Esperar é muito fácil. Difícil é ir à luta e fazer acontecer...


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