Objetivo

terça-feira, 13 de maio de 2008

Quem vive de passado é museu


Odeio clichês, mas existem algumas coisas que queremos dizer e não encontramos outro meio de fazê-lo senão pelos nossos velhos bordões. Estou usando este clichê para falar de um assunto que todos nós já sabemos, mas que insistimos em fazer completamente o contrário quando se trata de colocá-lo em prática na nossa própria vida.
Aquela nossa eterna mania de remoer o passado, de ficar repassando as histórias e procurando erros que cometemos para nos culpar pelo resto da vida por determinada coisa não ter dado certo. Agimos dessa maneira sem perceber o quanto nos prejudicamos com tal atitude, perdemos o sono, passamos por constantes crises de ansiedade, passamos o resto da vida sofrendo por uma situação que já passou e não tem mais conserto e acabamos nos esquecendo de que, até com os erros aprendemos.
E daí se realmente erramos? Todo mundo erra, e isso é fruto da nossa imperfeição; neste caso temos que nos perdoar e aprender a lição que o erro trouxe. Mas, e se foi o outro que errou? Então, perdoá-lo e esquecer é o caminho para seguir em frente com a vida sem dor ou mágoa. As lembranças são inevitáveis, significam que já vivemos uma história marcante, mas passar o resto da vida remexendo e analisando um passado que já não volta mais não trará nenhum benefício. É muito mais gostoso guardar só as melhores lembranças do que um dia já foi felicidade, aprender com os erros e apagá-los de vez e buscar um novo caminho, com novas situações, com novos aprendizados e sem cometer os mesmos erros do passado, afinal, o aprendizado só é realmente aprendizado quando não repetimos mais o que um dia já nos machucou.
Remoer as situações faz mal à alma, gera pensamentos e sentimentos negativos e traz às nossas vidas o eterno fantasma do medo. Passamos a ter um medo enorme do passado, medo de errar no presente e no futuro novamente, medo de que fatos ou pessoas daquele passado voltem para nos atormentar, e, às vezes, ficamos tão fixos numa idéia que ela acaba sendo reproduzida em nossa vida, afinal, não dizem que a gente atrai tudo com a força do pensamento? Pois é, então ficar relembrando coisas ruins, provavelmente só trará mais coisas ruins para a sua vida.
Eu sei que é muito difícil não remoer o passado, afinal, existem coisas que acontecem em nossas vidas tão de repente e de maneira tão inexplicável que nós, com o nosso péssimo hábito de querer manter todas as situações sob controle, ao nos depararmos com uma que simplesmente fugiu desse senso comum nos desesperamos, queremos explicações, queremos saber o porquê, queremos revirar o passado e compreender exatamente o que aconteceu, para tentar minimizar uma culpa que às vezes nem é nossa de fato, mas, que nessa terrível mania de querer compreender e dar explicação a tudo, acabamos atribuindo a nós uma culpa que não nos cabe, apenas para dar à história um culpado e mostrar a nós mesmos que sempre encontramos resposta para tudo.
Mas nem tudo o que acontece em nossas vidas tem um por que. O fato de você ter sido abandonado(a)pela pessoa que ama não significa que você é uma má pessoa ou cometeu algum erro, pode significar simplesmente que o outro se apaixonou, que está confuso ou que não era a pessoa certa para você. O fato de você ter perdido o emprego não significa que você era um funcionário incompetente, pode ser apenas um corte no quadro de funcionários e você teve o azar de ter sido escolhido, ou pode ser que a pessoa que indicou seu nome não gostava tanto assim de você. Compreender que nem tudo o que acontece em nossas vidas tem uma explicação plausível é o primeiro passo para aprendermos a perdoar e esquecer, seguindo nosso caminho com o coração em paz e com a mente aberta para novas experiências.
Ninguém pode viver feliz se estiver preso ao passado, mesmo que tenha sido um passado feliz, afinal, a divisão da nossa vida em três partes (passado, presente e futuro) mostra exatamente como devemos separar os fatos de nossas vidas e colocá-los em seus devidos lugares e vivê-los no seu devido tempo.
Jamais podemos transformar a saudade em esperança. Jamais podemos fazer das lembranças nosso porto seguro. Não podemos nos agarrar a sonhos ou ilusões, precisamos construir cada dia de nossas vidas em fatos concretos. E o passado já deixou de ser concreto há muito tempo. Às vezes o que acreditamos ser o fim de nossas vidas, é apenas o começo de uma longa jornada que vai de encontro à felicidade...

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