Objetivo

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Acontece com todo mundo

Ontem, conversando com um amigo muito querido que acabou de terminar um namoro de quase dois anos, senti uma ponta de tristeza ao me lembrar que fato semelhante ocorrera comigo, há pouco mais de um ano. Assim como no seu relacionamento, no meu também aconteciam brigas de vez em quando, mas em momento algum eu poderia imaginar, assim como meu amigo, que essas briguinhas bobas de casal fossem terminar de maneira tão drástica – com um rompimento definitivo. Como ele, eu fui pega de surpresa, pois achava que estava tudo bem e que havia amor o suficiente para superar e suportar todas as adversidades. Mas não havia. Havia amor da minha parte, havia disposição da minha parte, mas não da parte do outro. E amor sozinho não vale de nada, não recupera nada, não sobrevive.
E olhando para ele, imaginando o que ele sente nesse momento de sua vida, me remeti ao meu próprio passado, à minha própria dor, aos meus próprios questionamentos e a uma velha pergunta, à qual nunca encontrei resposta: como pode o amor de uma pessoa acabar assim, da noite para o dia? E se o amor de um acabou, por que o do outro não pode acabar também, simultaneamente? Assim, ninguém sofreria. Assim, não haveria sentimento de rejeição e fracasso. Poderia ser simplesmente algo automático: ao mesmo tempo em que um deixa de amar, o outro também deixa, e os dois separam-se sem mágoas, sem medos, sem remorsos, sem lembranças e sem saudade. Porque o que fere a alma não é exatamente o fim de um relacionamento. O que fere a alma é o fim de um relacionamento quando você ainda está envolvido nele, quando você ainda ama a pessoa que está partindo e não faz a mínima idéia de como viverá sem aquela presença na sua vida.
O que fere a alma é não conseguir esquecer a pessoa que se ama, mesmo sabendo que ela já te esqueceu, que pode até já estar nos braços de outra pessoa. Se existisse um remédio para nos auxiliar a esquecer, tudo seria mais fácil. Mas o que mata é a lembrança diária, é a luta diária para vencer a dor e a saudade. Se essa guerra tivesse apenas uma batalha, tudo seria mais fácil para quem ficou com o coração cheio de amor. O que mata é não conseguir controlar o próprio pensamento e ficar imaginando 24 horas por dia o que a outra pessoa está fazendo, se está feliz, se está com outro(a), se está com saúde, se chegou bem em casa na noite passada. O que mata é saber que o sábado vai chegar e você não precisará se vestir para esperá-lo(a), pois a pessoa simplesmente não virá mais. Talvez nunca mais. O gosto do “nunca mais” para quem acreditou no “para sempre” é amargo, insuportável, horrível. Obviamente, não se pode prever o futuro, o mundo dá muitas voltas, mas quem, em estado de completo desespero, consegue manter a calma e pensar que amanhã tudo poderá ser melhor?
Nossa coragem às vezes é covarde, pois nos abandona no momento em que mais precisamos dela para suportar e sobreviver à tempestade. Dizem que a esperança é a última que morre, e sabe por que? Porque ela é a primeira que foge no momento em que a adversidade chega.
O que mais dói não são as palavras de adeus ditas tão depressa, mas o silêncio que fica depois delas. Porque só passamos a acreditar e enxergá-las como verdadeiras quando esperamos um telefonema de desculpas e ele nunca vem. É o silêncio tomando conta de tudo, calando sonhos e desejos, deixando seu rastro entre as fotos e lembranças do que um dia foi felicidade.
Mas tiram-nos os sonhos, tiram-nos o brilho dos olhos, tiram-nos os desejos, arrancam-nos violentamente o mundo que construímos com tanto cuidado, mas existe algo que nunca podem arrancar de nós: as lembranças, a crença de que fizemos a coisa certa o tempo todo, e de que a falha não foi nossa. Se foi o destino ou o acaso, não importa. O amor verdadeiro nunca falha.
E que venham novos amores, dessa vez reais, para curar nossas feridas...

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