Objetivo

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Reflexão sobre a auto-estima

Dia desses, lendo alguns jornais desta semana que passou (ler jornal faz parte da minha função na empresa em que trabalho, acreditem!), deparei-me com uma notícia que me fez parar por um instante e refletir: um paraplégico invadiu a faculdade em que estudava armado, procurou pela professora que lecionava alemão para ele, trancou-se em uma sala com ela e, com a arma apontada para ela, perguntou se ela sabia o que significava desprezo. Em seguida, deu dois tiros em sua direção (mas não para acertá-la e, de fato, não acertou mesmo), até que, por fim, apontou a arma para a própria cabeça e atirou. A pobre coitada da professora fisicamente nada sofreu, mas o estado de choque em que se encontra mostra que terá algo ruim para se lembrar pelo resto da vida. O homem faleceu no hospital depois de dois dias em estado grave na UTI.
Tudo o que se sabe desta história e do por que deste homem ter cometido tamanha loucura é que ele nutria uma paixão pela professora quando ainda estudava na faculdade e já tinha demonstrado para ela várias vezes seu sentimento que, para azar dele, não era correspondido. O rapaz, então, enlouquecido e revoltado com o que ele considerou desprezo, levou seu amor louco até as últimas conseqüências.
O que mais me chamou a atenção nesta história foi a pergunta que ele fez a ela antes de se matar: “você sabe o que significa desprezo?”
Quem nunca se sentiu desprezado? Quem nunca se apaixonou por alguém que não foi capaz de corresponder aos seus sentimentos? Esta é uma situação comum, que acontece ou já aconteceu um dia com todas as pessoas, mas não é normal para alguém que sente-se diferente do resto do mundo.
O que talvez ele tenha chamado de desprezo, é apenas a falta de interesse da professora em ter um relacionamento amoroso com ele. Gostar de alguém que não gosta de nós é muito doloroso, mas é um fato da vida que não pode ser evitado. Os corações não são iguais, não batem na mesma sintonia e acaba nisso: amor desencontrado Mas para este homem, o problema não era a professora não se interessar por ele, o problema era a professora não se interessar por ele porque era paraplégico.
Pessoas que se sentem à margem do mundo, por qualquer motivo que seja, não conseguem enxergar mais nada em sua frente além de seu “defeito” (que pode ser desde um excesso de peso até uma deficiência), e tudo o que lhes acontece de ruim usam este “defeito” como motivo para o que ocorreu. Estas pessoas sentem-se constantemente injustiçadas e, principalmente, vítimas de preconceito. Acham que as pessoas a olham de maneira diferente na rua, que debocham dela, normalmente estas pessoas têm mania de perseguição.
O que elas são incapazes de perceber é que o preconceito que, muitas vezes, acreditam vir dos outros, está, na verdade, enraizado dentro de si mesmas, e acabam transferindo para os outros a imagem que têm de si.
Dizem que somos aquilo em que acreditamos ser, e essa é uma verdade incontestável. Se nos valorizamos, temos uma boa auto-estima e estamos bem com nossa auto-imagem, automaticamente as pessoas nos valorizarão, respeitarão e terão uma boa imagem de nós. Porém, se estamos ressentidos, com a alma destruída e com a auto-estima lá embaixo, com certeza as pessoas nos verão como fracassados, dignos de pena, sem moral e agirão dessa maneira conosco. O desprezo nada mais é a nossa maneira de enxergar a atitude de outrem. E só somos desprezados se nos permitirmos ser, pois a auto-estima nos impede de deixar que outras pessoas façam de nós o que bem entenderem.
Antes de apontar uma arma para a sua cabeça e decidir que a hora de abandonar este mundo cão chegou, pense que ninguém alem de você mesmo é responsável por sua própria felicidade. Se você não é feliz consigo mesmo, por dentro, dificilmente conseguirá encontrar essa felicidade do lado de fora, nas outras pessoas. É muito difícil compreender isso, pois a grande maioria de nós cresceu acreditando que a vida só seria completa ao lado de um grande amor, que viria para acabar com todos os males e trazer a felicidade em uma bandeja. Eu cresci acreditando nisso. Milhares de pessoas cresceram acreditando nisso. E quando nos deparamos com a realidade de que ninguém é capaz de nos fazer feliz além de nós mesmos, ficamos em estado de choque, revoltados por ter sido enganados por tanto tempo e descrentes em nossa própria capacidade de encontrar a felicidade interior. Então é mais fácil culpar os outros pela nossa infelicidade do que assumir a nossa responsabilidade de trazer cor aos nossos dias, de desenhar um sol todas as manhãs em nossa vida.
Eu estou tentando. Não é fácil, é um exercício diário de auto-superação e recuperação da auto-estima, mas não é impossível. Saber que as pessoas são complementos em nossa vida, jamais a nossa vida, é o primeiro e mais importante passo para o encontro com a felicidade mais gostosa e realizadora desse mundo: a felicidade interior.
Ame-se como você é, e verá que as pessoas que realmente te amam também te amarão sem exigir nenhuma mudança!

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