Objetivo

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Sobre a Mentira

As mentiras podem parecer inofensivas e até engraçadas no começo de um relacionamento, mas, na verdade, elas são um sinal, que, muitas vezes, nos recusamos a enxergar, porque estamos muito apaixonados, de que você está seguindo o caminho errado, de que está se envolvendo com uma pessoa que vai te machucar, mais dia, menos dia. Porque quem falta com a verdade uma vez, faltará sempre, e a base de um amor sólido e verdadeiro só pode ser construída através da transparência de sentimentos e atitudes de ambos.
Uma mentira sempre precisa de outra para ser sustentada, e o que era para ser apenas uma artimanha para se safar de uma bronca, acaba se tornando um ciclo infindável, um emaranhado de mentiras que não dá mais para encontrar nenhuma verdade. E, sempre me disse minha mãe, como o mentiroso tem que ter boa memória, ele acaba sempre sendo pego.
No começo é engraçado, uma mentirinha aqui e outra ali não causam nenhum dano, ele(a) fez isso porque estava se sentindo sufocado, não estava encontrando espaço para falar a verdade, a outra parte acaba pegando a culpa da mentira para si e o casal segue feliz e apaixonado. Com o passar do tempo, porém, a mentira vai tornando-se uma prática constante, e aquele que convive com o mentiroso passa a não mais saber o que é verdade e o que é mentira no relacionamento.
A prática constante da mentira acaba vindo acompanhada por outra ainda pior: o cinismo. Ao perceber que suas mentiras sempre passam em brancas nuvens, que a outra parte nunca se manifesta, sempre finge que acredita e aceita sem reclamar, o mentiroso começa a mentir na cara larga, sem o menor pudor, com todo o cinismo possível. Ao invés de simplesmente abrir a porta, dizer tchau e partir, o mentiroso fica criando mil histórias para justificar seus atos injustificáveis, sem sequer perceber quanto estrago e dor causa ao coração que sempre acreditou nele cegamente e o amou acima de todas as coisas que ele já possa ter feito. O pior de tudo, é que quem convive com uma pessoa que mente muito e por tudo, acaba questionando-se se há alguma verdade na história em que viveram. E o que era bonito e sincero, torna-se escuro e incerto. Você passa a não mais conhecer aquela pessoa que está / esteve ao seu lado, você passa a duvidar de tudo o que ela diz, até mesmo das verdades, você cria histórias terríveis em sua cabeça a respeito do que ela anda fazendo, pois se é necessário mentir, é porque está tentando esconder algo muito grave.
A mentira envenena um relacionamento, torna-o sufocante, sem sentido e superficial. Mata o amor, destrói qualquer bom sentimento que possa existir entre duas pessoas. Não há justificativa plausível para a mentira, nem mesmo uma verdade muito amarga e difícil de ser dita. A mentira traz a sensação do dito pelo não-dito, da enganação, do deboche. É muito mais fácil para uma pessoa conviver com uma perda do que com a sensação de que foi enganada por anos e anos, de que dormiu ao lado do inimigo sem se dar conta disso.
Se não é capaz de falar a verdade, não minta; apenas omita. Magoa menos. É mais compreensível. É muito mais sincero.
Suas mentiras um dia já me fizeram rir, hoje me causam muita ira, e espero que amanhã me despertem indiferença. É neste momento que serei, de fato, feliz de verdade.

“Podeis enganar toda a gente durante um certo tempo; podeis mesmo enganar algumas pessoas todo o tempo; mas não vos será possível enganar sempre toda a gente”.
(Abraham Lincoln)

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