Objetivo

segunda-feira, 15 de março de 2010

O inimigo dorme ao lado

Sempre que eu sofro uma decepção com alguma pessoa, minha avó me diz que viveu 34 anos ao lado do meu avô e não sabia quem ele era. Hoje compreendo bem suas palavras, e me aprofundo ainda mais no assunto.
Uma menina que nasceu na minha casa, que é parte integrante da nossa família, que foi criada com todo amor, dedicação e carinho possíveis, hoje se vira contra nós. Está irreconhecível. Há uma coisa tão ruim impregnada nela, que respinga nas pessoas que estão próximas, fazendo-as agir de maneira que jamais fariam em sã consciência (eu fui a vítima da vez - enfurecida e fora de mim, fiz aquilo que deveria ter sido feito, mas ninguém fez: dei uns bons bofetes nela! Estou arrependida, confesso, mas na hora não consegui me conter).
Estou muito surpresa em saber que o bebê que peguei no colo 14 anos atrás tornou-se um ser sujo, frio, calculista, chantagista, falso, arrogante e debochado. Mas, conforme minha avó já tinha me alertado, assim é a vida. Nós pensamos que conhecemos as pessoas, nos dedicamos a elas, amamos com todo nosso coração para depois perceber que era tudo um circo, e que nós somos os palhaços.
Conheço muitas pessoas que não se apaixonam porque têm medo de ser enganadas, mas acredite, corremos o risco de ser enganados o tempo todo, dentro e fora de nossas residências, e a traição vinda de uma pessoa do seu círculo familiar dói muito mais.
No meu caso, sim, o inimigo dorme no quarto ao lado, pode estar me espreitando e tramando contra mim, e eu nem fazia ideia disso.
Para mim, ela está morta e enterrada. Quero apagá-la da minha memória, esquecer que um dia ela existiu e cruzou meu caminho.
Meu coração está aos pedaços, pois pessoas como ela, quando entram em nossas vidas, deixam rastros de destruição muito profundos, que demoram anos para cicatrizar. São capazes de acabar com uma família inteira, com sonhos, com desejos e com alegrias.
Quando eu penso que já vi de tudo, algo inusitado surge para me surpreender.
Medo.

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