Objetivo

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Simplesmente Amor


Por algumas vezes na minha vida, cheguei a acreditar que usava meu filho como uma forma de chegar até o pai dele. Sim, eu confesso. Eu o queria junto a mim, o mais próximo possível, e houve momentos em que o Rhian colaborou com o processo.
Eu amei de uma maneira desmedida. Eu não quis saber de nada. Eu arrisquei tudo. Eu parti para o tudo ou nada. Eu apostei alto em um amor que nem existia. O resultado dessa inconseqüência foi o abandono, a solidão, a incerteza. Acreditamos que conhecemos as pessoas, para só depois descobrir, da pior maneira possível, que elas são capazes de coisas inimagináveis, absurdas, horríveis, injustas.
A culpa é minha, eu sei. Hoje eu admito isso e estou preparada para confessar ao mundo. Eu permiti que tudo isso acontecesse, eu dei sopa para o azar e paguei para ver. Enquanto escrevo este texto, penso insistentemente no post da minha amiga Camilla, que diz que o único culpado por sua infelicidade é você mesmo, porque foi você quem deu seu coração à pessoa errada e criou expectativas em relação a ela.
Partindo deste princípio, o pai do Rhian não tem culpa de nada. A culpada sou eu, que permiti que ele fizesse tudo o que quis de mim, que me humilhasse, me abandonasse e me desprezasse da maneira como fez.
Se eu fosse uma mulher inteligente e com um pingo de amor-próprio, Rhian não seria nascido, porque eu jamais teria perdoado o pai dele pela sua primeira traição e abandono. Por um lado, agradeço imensamente a minha burrice, porque eu amo meu filho demais e tenho certeza de que ele faz a minha vida mil vezes mais feliz. Por outro lado, me arrependo de ter sido tão passional, pois sofro as conseqüências desse ato até hoje, mais de 3 anos depois.
A verdade é que eu fui abandonada grávida de três meses. O pai do Rhian não quis saber meus motivos, nem se preocupou se eu sofreria ou não. Simplesmente sumiu. Simplesmente decidiu que não queria mais me ver, e assim o fez. Em momento nenhum pensou que a minha dor com certeza atingiria o bebê que estava dentro da minha barriga, e o qual ele nunca teve dúvidas de que era seu filho. Ele nunca pensou em nós, foi egoísta o suficiente para analisar somente os seus motivos e as mudanças da sua própria vida, e decidir que não estava pronto pára vivê-las. A decisão dele nunca levou em consideração a mulher que o havia amado de toda alma e coração, sinceramente. A decisão dele não levou em consideração nem mesmo o bebê que estava por vir, que era um inocente e tinha seu sangue correndo pelas veias.
E enquanto ele teve uma vida feliz e tranqüila, curtindo baladas, mulheres e amigos mundo afora, totalmente livre das responsabilidades de um futuro pai, eu passei cinco meses sem saber o que iria acontecer, com medo, insegura, assustada, chorando todas as noites e pedindo a Deus que me desse forças para suportar a dor que se instalara no meu peito.
Mesmo diante de tudo isso, eu criei um clima de espera e ansiedade pela chegada do meu filho, eu nunca deixei de mostrar a ele o quanto o amava e o quanto sua existência era especial para mim. E isso nunca foi mentira. O amor pelo Rhian nasceu em meu coração antes mesmo do medo, logo que descobri que estava grávida. Daquele dia em diante, ele passou a ser minha prioridade.
Talvez um aborto tivesse me mantido perto do pai dele por mais algum tempo, mas eu jamais cogitei essa hipótese. Perdê-lo, àquela altura do campeonato, era menos pior do que perder meu filho.
E todo aquele amor que eu sentia pelo pai, eu passei a desviar para o filho. Eu fiz o pré-natal direitinho. Eu preparei o enxoval com amor e dedicação. Eu calei a dor que gritava no meu coração para que a alegria da sua chegada pudesse falar mais alto em minha vida.
E a apenas 12 dias do seu nascimento, o pai decide que agora está pronto para assumir suas responsabilidades e, inesperadamente, reaparece com lágrimas nos olhos, pedindo perdão e jurando amor eterno ao filho.
E eu, por mais uma vez, acreditei. E eu, por mais uma vez, perdoei. E eu, por mais uma vez, compartilhei com ele a felicidade que existia dentro de mim. Ele voltou sem ter sofrido nenhuma conseqüência por seus atos. Ele voltou depois de ter errado tanto e ainda ganhando um presente, que era o direito de saber e de ver tudo sobre o filho que ele jamais quis.
Um ano e quatro meses já se passaram depois disso, e este homem ainda não sabe o que significa ser um pai de verdade. Ele não tem a mínima ideia do que é o medo de perder um filho, porque ele jamais passou uma noite em claro com o filho doente nos braços, nem um dia todo no hospital vendo seu filho ser furado por um monte de agulhas com remédios para uma alergia que pode matar. Ele nem imagina o quão intenso é o prazer de ouvir a primeira palavra de um filho, porque ele não estava lá quando o Rhian a pronunciou. Aliás, ele sequer se lembra qual foi a primeira palavra que o filho disse, porque ele tem outras prioridades na vida. Ele não tem a mínima dimensão de que não existe alegria maior do que acordar todas as manhãs, olhar para o lado e ver um pequeno anjo dormindo e, então, lembrar que ele é seu e que você tem uma imensa responsabilidade diante dele, porque ele não dorme ao lado do filho nenhuma noite.
Para mim, o maior problema não foi o abandono da gravidez, posso não ter perdoado de coração, mas passei por cima de tudo em nome da família que eu acreditei que meu filho teria. O real problema é a sua negligência diária com o filho já nascido. É isso que me corrói e arranca um pedaço de mim todos os dias.
Eu descobri que o que eu acreditava ser uma desculpa para estar ao lado do pai do Rhian, nada mais é que um amor profundo e intenso pelo meu filho, seguido de um medo enorme de que aconteça a ele qualquer coisa que possa ser ocasionada pela falta de responsabilidade do pai dele.
Eu descobri que a pessoa mais importante da minha vida é meu filho, e que nada está acima dele, nem mesmo esse amor idiota que eu acredito sentir pelo pai dele.
Eu sinto uma necessidade imensa de protegê-lo de todos os males do mundo, e nada pode me impedir de fazer isso, nem mesmo ele.
Eu descobri o amor mais verdadeiro, forte e intenso do mundo, e ele te um nome: AMOR MATERNO.

4 comentários:

Kellenah disse...

Não tenho idéia do quão grande foi e é sua dor, pois ainda que tivesse passado por uma situação parecida, cada caso é único e a dor também. O que devemos fazer é não olhar pra trás e esperar que o futuro nos reserve algo melhor....e eu sei que vc por ser tão sofrida e batalhadora merece alguém que Deus com certeza colocará no seu caminho!! Confie..
Bjks e bom finde!!

Mili disse...

Ame a vc em primeiro lugar e agradeça a Deus esse amor unico e inexplicavel que é a benção de ter um filho...vc é mais você e vale a pena! Faça por vc e seu filho!Vc merece ser feliz e não aceite migalhas quando se pode ter felicidade!VOCÊ VALE A PENA! Confia nisso...e se me permite,uma letra de música; (beijos e ótimo final de semana)
"Se voce vê a solução fora do próprio coração,
não se engane por mais tempo.
Se não aceita o que é seu, quer muito mais o que não tem,
não aumente o sofrimento.

Pois seu vazio foi criado
pelo rumo errado do seu olhar.
Peça a Ele o que deseja,
prepare o coração pra escutar...

O Amor vai falar.
Voce não é nada sozinho,
com Deus voce encontra o caminho,
Ele te ama...
O Amor vai falar.
Deus vai lhe abraçar como um filho
é só voltar o olhar pra Ele
Ele te ama, sempre te amará..."

Simone Domingues disse...

amiga linda,

força gatona, deus sempre olha por nós e ele ainda vai te dar muitas bençãos e muitas felicidades.
linda tenha uma semana vitoriosa.
beijossssssss

Dri disse...

adorei seu blog.
beijos