Chega um momento na vida que é necessário escolher entre a renúncia e a insanidade. Renunciar para sobreviver, para não enlouquecer, para encontrar um novo caminho, para mudar de direção.
Eu não sei que rumo tomar neste momento, apenas sei que o mesmo caminho não posso mais trilhar, porque está me fazendo mal. Se eu não renunciar agora, estarei desistindo de mim e eu não tenho mais o direito de desistir da minha própria vida, pois agora existe uma vida que depende de mim para continuar: a do meu filho.
Eu preciso ser forte para fazer dele um homem forte também. Eu preciso ser digna para ensinar dignidade a ele também. Eu preciso me amar em primeiro lugar para ensinar amor-próprio a ele também.
Estou perdida há muito tempo, confesso. Por todos esses anos eu interpretei um papel, eu criei uma personagem para esconder os meus verdadeiros sentimentos, eu fui forte quando o mundo todo acreditou que eu fosse cair, mas aquela não era eu. Eu evitei o inevitável, agora eu simplesmente não posso mais fingir, não posso mais permitir, não posso mais aceitar, não posso mais compactuar com o meu próprio sofrimento. Dizem que o esquecimento liberta a alma, e já que eu tentei tantas outras coisas que não deram certo, eu vou pagar para ver. O grande problema é como esquecer os sonhos que se nutriu desde criança, como esquecer um amor que se acreditou ser para sempre, como fechar a porta do passado se no presente não existe nada que se realmente queira? Eu não sei a resposta para milhares de perguntas que estão pairando na minha cabeça neste momento, mas talvez neste momento eu esteja dando o primeiro passo de uma longa caminhada para a cura: eu não quero mais viver como estou vivendo.
Por mais uma vez o meu amor foi recusado bem diante dos meus olhos, e eu não quero mais insistir em algo que não tem futuro. Não quero mais me humilhar, não quero mais pedir, não quero mais implorar, não quero mais chorar na frente de ninguém. Quero recolher os cacos do meu coração e começar tudo do zero, encontrar um sentido para guiar essa minha vida e deixar tudo para trás.
Eu tinha um sonho de ter uma família, de ter uma casa, um casamento feliz, filhos saudáveis e alegria no coração. Desse meu sonho, Deus me trouxe o principal: um filho lindo, saudável e feliz que eu preciso amar, me dedicar e ensinar tudo de melhor. Quanto aos demais itens, preciso apenas aceitar que nem sempre as coisas são como a gente quer que elas sejam, e é necessário saber conviver também com o que não se pode modificar. Arrancar um amor não-correspondido do coração. Soltar a corda que me prende ao passado, mesmo que a queda seja grande e dolorosa. Calar um coração já cansado de falar sem ser ouvido. Entender que amor não-correspondido não é amor de verdade. Aceitar o fato de que, mesmo não sendo a família que eu sonhei, eu tenho uma família agora: eu e meu filho. Buscar o caminho que leva à minha própria alma. Reconstruir a minha vida sem aproveitar estruturas do passado. Olhar-me no espelho verdadeiramente, saber quem eu sou. Aprender a caminhar sozinha e a ouvir a minha própria voz. Amar-me primeiro e muito, para que as outras pessoas possam me amar também. Aceitar-me como sou, com meus erros e acertos, com meus defeitos e qualidades, e saber que sou uma pessoa única e insubstituível.
Resumindo: Estou desistindo de você para não desistir de mim.
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