Objetivo

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Descobertas

Tenho pensado muito sobre a vida nos últimos dias, e algo que quase pode ser chamado de mágica me aconteceu em um momento muito oportuno. Passei um fim de semana muito ruim, triste, deprimida, sentindo-me completamente vazia por dentro e esquecida. Comecei a me questionar sobre o amor e senti uma raiva muito grande por amar tanto e não ser correspondida da maneira que eu acredito que mereça. Chorei muito de raiva, de frustração, de medo, assustada com a vaga idéia de ficar sozinha e ter que assumir todas as responsabilidades sem ajuda nenhuma, além do desespero só de imaginar perder a pessoa que eu tanto amo.
Minha mãe ficou muito triste por me ver daquele jeito, pediu para que eu não agisse dessa maneira, porque não é um comportamento que faz bem a nada e nem a ninguém, que eu preciso me sentir feliz para irradiar essa felicidade a quem também precisa dela neste momento. Pediu, ainda, que ao invés de chorar, eu orasse a Deus e entregasse tudo em Suas mãos. Tomada pela raiva e pelo desespero, eu disse a ela que para mim era inútil orar, porque Deus não me ouvia. Arrependi-me depois de ter dito isso, ao me lembrar que a fé é o principal combustível do ser humano, que sem ela somos incapazes de suportar as dores e injustiças da vida, e que quando não há mais nada de concreto em que acreditar, é nela que nos apegamos para conseguir continuar trilhando o caminho. Então à noite, antes de dormir, eu conversei com Deus. Foi uma conversa franca, sincera, do fundo do meu coração. Mas não pedi amor e nem para que Ele me trouxesse isto ou aquilo. Agradeci pelas boas coisas que eu já tenho, e que não são poucas, o grande problema é que nunca achamos que temos o suficiente, estamos sempre querendo mais, sempre esperando mais, e pedi apenas força e serenidade para suportar qualquer adversidade que possa surgir em meu caminho, afinal, da maneira como as coisas andam, eu posso e devo esperar notícias boas e ruins, e precisarei de muito equilíbrio para conviver com elas sem me deixar abater ou desanimar. Fui dormir ainda muito triste, mas, inexplicavelmente, acordei no outro dia, uma segunda-feira com uma serenidade e um ânimo que dificilmente eu sinto em qualquer dia, principalmente no primeiro da semana. Senti-me calma, viva, tranqüila, como se algo bom me esperasse no caminho.
No decorrer do dia, navegando pela internet, inexplicavelmente encontrei um blog que uma mãe está fazendo a seu filho pequeno, para que ele saiba um pouco sobre seu pai, que faleceu quando ela estava grávida de sete meses. E não é um blog qualquer, escrito de qualquer jeito, dá para ver sentimento naquelas palavras, o sentimento de uma mulher que amava seu marido, sofreu a sua perda e, por amar ao filho, quer que ele saiba quem foi seu pai. E o que mais me surpreendeu foi a força desta mulher, que perdeu para sempre o grande amor de sua vida, mas ainda assim fala em felicidade, em não desistir, em guardar apenas os momentos bons, em sentir este amor eternizado e refletido em seu filho, e continua levando sua vida adiante, porque é forte, porque tem amor-próprio, porque sabe que é a pessoa mais importante para o seu filho, porque sabe que a vida é um presente de Deus que jamais deve ser ignorado, enfim, porque sabe que a força é necessária.
E então, uma mistura de sentimentos invadiu e confundiu o meu ser. Primeiro, eu senti pena dela e do bebê, dela por ter perdido o homem que ama para sempre, por nunca mais poder vê-lo, e do bebê, por não ter a oportunidade de conhecer seu pai e viver com ele momentos mágicos de alegria e sonhos. E não pude deixar de pensar em mim, de ver que, embora o amor da minha vida não seja da maneira que eu gostaria que ele fosse, ele está vivo, eu posso vê-lo, senti-lo, tocá-lo, e mesmo que algum dia não estejamos mais juntos, pelo menos eu sei que ele está lá, está bem, e isso para uma pessoa que ama de verdade já é o bastante para deixá-la feliz. Em seguida, senti inveja desse amor intenso que ela viveu ao lado deste homem, e vi que talvez eu nunca tenha vivido algo parecido, pois, por mais que eu ame, só eu amo desta maneira intensa, não é recíproco. Mas, ao mesmo tempo, eu percebi que um amor para ser verdadeiro e real não precisa ser necessariamente recíproco. Eu amo, e isso já basta, isso já é o suficiente para fazer com que este amor ecoe pela eternidade e tenha a sua importância. E é desse amor, recíproco ou não, que surgem tantas coisas maravilhosas na minha vida... depois, senti alegria em saber que o meu amor está vivo, mesmo sendo indiferente, mesmo sendo frio, mesmo não se importando muito comigo ele está lá e eu posso vê-lo a qualquer momento que eu desejar, e muita coisa pode mudar daqui para frente, com as novidades que vem por aí... por fim, eu me senti importante, percebi que a felicidade de cada um de nós independe do outro, que a pessoa que amamos entra em nossa vida para acrescentar, nunca para subtrair ou iniciar a conta, que a felicidade já tem que existir dentro de mim antes de qualquer pessoa ou coisa surgir na minha vida. Eu me senti importante, mas não para o mundo, que é o desejo de todos, eu me senti importante para mim, para a minha vida, para Deus, e, com certeza, importante na vida de outras pessoas que convivem comigo.
Importante porque eu quero, preciso e devo ser importante. Importante porque todas as pessoas são importantes, independente de seu tipo físico, cor, classe social ou qualquer característica que tenha. Importante porque a importância não está no que fazemos ou no que aparentamos, a importância está na nossa essência, no que somos. Importante ao ponto de saber que eu preciso me valorizar, me amar e me respeitar, caso contrário ninguém o fará por mim. Importante porque agora eu vou saber realmente o que é amar incondicionalmente alguém que me amará também. Importante porque agora existe uma vida que depende da minha vida para existir...

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