Objetivo

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

A última carta de uma apaixonada


Amanheceu na minha cidade, e eu acordei pensando em você, tentando imaginar como está e em que parte desse mundo foi parar. Faz tempo que não nos vemos, mas a sua imagem continua viva na minha memória, como na época em que caminhávamos na mesma direção e nossos sonhos rumavam para um futuro juntos. Bons tempos aqueles em que a felicidade nos rodeava, enchendo nossos corações de um contentamento único, que só o amor traz... tempo que não volta mais, e eu juro que daria tudo o que tenho na minha vida só para sentir e viver tudo aquilo de novo, ao seu lado...

Muitas coisas mudaram depois que você partiu; se nos encontrássemos na rua talvez você nem me reconheceria, pois o tempo e a dor moldaram o meu rosto e o peso da saudade agiu rigorosamente sobre o meu corpo e a minha alma. Mas existe algo que nunca mudou e que eu já me convenci de que nunca vai mudar: o amor por você que eu trago aqui dentro do meu peito, desde o primeiro dia em que nos vimos e você me sorriu. Esse amor nunca diminuiu, sequer adormeceu, mesmo diante desta distância enorme que nos separa há tanto tempo.

Já escrevi muitas cartas para você nestes últimos anos, mas nunca tive coragem de enviar, não sei se era por achar que você tinha se mudado e nunca ia recebê-las, ou se por medo de você me ignorar e nunca respondê-las. Você sabe que eu sempre fui covarde quando o assunto é sentimento, que muitas vezes, não te deixava falar pela insegurança de ouvir um adeus seu, mas que nem esse comportamento, felizmente ou infelizmente, foi capaz de evitar o pior, pois você, como sempre, veio me confrontar e mostrar que a nossa alma é livre, e pode partir quando desejar. Você sempre me surpreendeu com as suas ações, mesmo que de maneira negativa.

Eu ainda me lembro da minha cara de assustada e do medo que eu sentia desse seu desprendimento em relação à vida, e só depois de nos separarmos é que eu compreendi que esse desprendimento é que te traz felicidade e que eu, sem querer, tentei roubar isso de você, achando que sabia o que era melhor para ti, mas eu, de fato, não sabia. Na verdade, eu não sabia nem o que era melhor para mim.

Eu quis tanto te prender, que acabei te deixando escapar. Eu não fiz nada disso por mal, apenas não compreendia que o amor é livre, e que era essa liberdade que nos prenderia juntos para sempre. Infelizmente, eu compreendi a simplicidade do amor tarde demais...

Eu fiz muitas bobagens nos últimos anos, sempre tentando te esquecer, mas cada passo em falso me mostrava que o esquecimento não é opcional, que pessoas marcantes não podem simplesmente ser apagadas da memória. e então eu desisti de lutar contra os meus sentimentos, pois o meu coração é muito mais forte do que eu.

Não escrevo para fazer cobranças, muito menos para contar dramas sobre a minha vida, afinal, cada drama é só o nosso modo de ver as situações. Eu acreditava que a vida sem você não era possível, mas foi, pois viver não é exatamente uma questão de escolha, é mais questão de instinto. Não escrevo para pedir que volte, pois faz tanto tempo que estamos separados que eu já até me acostumei com a sua distância.

Escrevo apenas para dizer que eu te amo por todos os dias de minha vida, sempre, e que enquanto eu viver estarei aqui te esperando, mesmo que você nunca apareça. Aliás, isso já não me importa mais, porque meu sentimento se resume em uma única palavra: INCONDICIONAL.

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