Objetivo

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Saindo de Cena

Eu fracassei no maior objetivo da minha vida, e hoje eu vejo que não há mais nada que eu queira, então eu estou desistindo de tudo. Estou abrindo mão de todas as coisas maravilhosas que Deus me concedeu, porque elas não fazem sentido pra mim, não me trazem felicidade e nem realização, como deveriam trazer.
Abro mão também desse meu sorriso falso, que esconde por trás dele um coração angustiado e triste. Eu não sou nada. Eu não sou ninguém. Minha existência não faz diferença nenhuma no mundo, não faz ninguém mais feliz e nem mais triste. Talvez seria melhor se eu não existisse, para algumas pessoas não faria nenhuma diferença, mas a outras talvez 50% de seus problemas seriam resolvidos. Aí seria o fim de tudo... o fim de alguém que não consegue encontrar a tão falada felicidade interior, o fim de alguém que não consegue ver sentido em nada, o fim de alguém que não sabe e nem consegue ser feliz, o fim de alguém que não sabe fazer outra coisa da vida senão errar, o fim de alguém que vive simplesmente por viver, o fim de alguém que traz um peso dentro do coração do qual não consegue se livrar nunca, o fim de alguém que é incompreendida pelo mundo e até por si mesma...
Eu estou tão cansada... cansada de não saber o que vai ser de mim amanhã, cansada de tanta indecisão e de tantos obstáculos, cansada de tentar, cansada de amar mais do que a mim, cansada de jogar essas malditas palavras ao vento, cansada de esperar todos os dias por algo que não sei dizer o que, cansada de odiar, cansada de tentar fazer com que as pessoas me enxerguem, me aprovem e me amem, cansada de achar que não significa nada, cansada de não ter auto-estima, de não ter orgulho, de não saber quem sou, cansada de viver sem saber por que... simplesmente cansada.
Eu não quero mais, e peço licença a Deus para sair de cena. As luzes do teatro se acenderam, e eu cansei de interpretar a árvore da peça... por tanto tempo eu sonhei em ser a protagonista, ou pelo menos em ser alguém, mas eu estou desistindo de tudo agora. Eu só queria fechar os meus olhos e não abrir nunca mais... eu peço mil perdões a Deus por tanta ingratidão, afinal, sou uma pessoa privilegiada, saudável, nascida em boa família, alguém que traz em sua história algumas vitórias pessoais, mas alguém com uma doença que parece ser incurável, mas não é uma doença no corpo, é uma doença na alma, uma doença que me acompanha desde criança, mas que eu achava que quando eu crescesse ela ia cessar, mas não... ela só cresceu e hoje me consome completamente. Eu já não vejo mais nada diante dos meus olhos senão o desespero. Essa doença só não me ataca enquanto eu durmo, porque é o único momento onde não sou dona dos meus pensamentos. Mas ela está sempre lá... antes de eu deitar, ela se aconchega na beira da minha cama. E assim que eu acordo, ela é a primeira que me olha, velando o meu sono e rindo ironicamente para mim. E ela me acompanha durante todo o meu dia, não me abandona um minuto sequer... se eu pudesse arrancar meu coração só para não mais sentir isso, eu juro que arrancaria... uma doença, e eu não sei que nome eu dou pra ela... ansiedade, angústia, medo, frustração, incerteza... tudo misturado! Não sei mais...
Saindo de cena... uma árvore a menos no cenário não fará falta nenhuma.

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