Tinha tudo para dar errado. Uma gravidez inesperada, que aconteceu no meio do meu segundo ano de faculdade, um abandono ainda mais inesperado, uma depressão forte, uma licença-maternidade, um retorno às aulas confuso, a cabeça em outra órbita enquanto o professor explicava a matéria, conflitos e mais conflitos que invadiam a minha cabeça enquanto eu tentava estudar para a prova uma matéria que eu sequer tinha visto, problemas e mais problemas pairando em minha mente, o retorno ao trabalho, os cuidados com o filho e com as provas, simultaneamente. Muito mais preocupação com o filho, e as provas, por muitas vezes, foram feitas à base da sorte. Tinha tudo para dar errado. Mas deu certo.
Eu passei do terceiro para o quarto ano da faculdade, apesar de todas as adversidades e dificuldades deste ano de 2009. E, mais do que isso, mostrei a mim mesma o quanto sou forte, o quanto sou capaz, o quanto posso ir além do esperado. Estou orgulhosa de mim, sim. E sei que outras pessoas reconhecem a minha luta.
Conforme post anterior, eu havia reprovado em uma matéria esse ano, pela primeira vez na minha vida. Fiquei muito magoada, deixei todo o brilho dessa conquista morrer, mas, ao ir fazer a vista da prova, uma nova esperança se acendeu dentro do meu coração: dois exercícios não foram pontuados, mas não estavam totalmente errados. Faltava 1,2 ponto na prova para minha aprovação, o que representa 0,6 na média final. E aqueles dois exercícios, sendo meio certo para cada um, me credenciavam a ser aprovada no exame dele.
O professor fez charme, fez aquela carinha de mau, e, naquele momento, eu acreditei que tudo já estava perdido. Mas tive uma grande surpresa ao voltar das minhas férias e ver a aprovação no portal da Universidade.
Nos meus anos anteriores, eu também fui aprovada em todas as matérias, e me senti igualmente vitoriosa, mas essa vitória desse ano tem um gosto muito melhor, porque foi envolvido muito mais esforço da minha parte para atingir o objetivo, porque eu vou confessar que não é fácil conciliar um emprego, uma faculdade, um filho e uma frustração amorosa. Sim, a minha mãe me ajuda muito cuidando do meu filho, mas os finais de semana, que são o tempo que tenho para estudar, são todos dele. As noites depois da faculdade, são dele. E quantas vezes eu tinha prova no dia seguinte e ele havia chorado a noite inteira? Quantas vezes eu chorei junto com ele, para extravasar minha raiva e meu cansaço? Quantas vezes dormi no ônibus a caminho do trabalho porque não estava mais aguentando as noites insones a seu lado? Quantas vezes deixei de ir à faculdade estudar com a turma no sábado para ficar com ele? Quantos trabalhos tive que fazer às pressas, achar tempo sabe-se lá de onde? Quantas vezes pensei que não ia dar conta?
Não é fácil, mas é possível. E meu filho vai estar lá na minha formatura no ano que vem, iluminando com seu sorriso todas as outras conquistas da minha vida, porque a principal delas continua sendo ele. E será para sempre.
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