Objetivo

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Desespero


Eu desperto do meu sono de anjo
Onde trilhei lindos caminhos de mãos dadas com você
Mal abro os olhos, e lá está ele:
O desespero a me corroer.
Arrasto-me da cama para o banheiro
Tomo um banho para tentar esquecer
Dessa angústia que me machuca, que me destrói
E que vem de onde eu nem sei dizer.
Penso em tomar o café da manhã, mas o estômago logo embrulha
Mudo de idéia, e saio pela rua muda
Estou atrasada para o trabalho
Minha alma parou, mas o tempo não...
Subo no ônibus, apressada
Olho para as pessoas, apática
Quem são vocês? Quem sou eu?
Imersa em milhares de olhares, mas sentindo-me sozinha
Rodeada por corpos e vozes, mas sozinha
Eu choro em silêncio olhando a estrada passar pela minha janela
Ou venço essa angústia ou a angústia me vencerá
Me consumirá, me levará, me corroerá,
Me fará ser uma morta em vida
Arrancará de mim toda e qualquer esperança
E só deixará destruição e apatia...
Eu quero gritar, mas ninguém pode me ouvir
Eu quero me libertar, mas essa dor não quer partir
Eu quero sonhar, mas mesmo nos sonhos ela ainda esta ali...
Eu olho para os rostos ao meu redor
Pessoas como eu, mas que parecem tão felizes!
Sinto inveja de cada uma delas...
Por que eu não posso me sentir feliz também?
Por que eu não posso pensar em uma coisa de cada vez?
Por que eu não posso me alegrar com o canto de um pássaro,
Com uma simples manhã de sol
Ou por hoje ser feriado?
Por que eu não consigo entregar minha vida nas mãos de Deus
E deixar que Ele a conduza da maneira que for melhor para mim?
Por que eu preciso me preocupar com coisas que nem aconteceram ainda
E que eu nem sei se vão mesmo acontecer?
Chego ao trabalho, já cansada
Nem parece que ainda são oito horas da manhã
Cumpro minhas funções, automaticamente
Porque para mim elas não tem sentido nenhum...
Sorrio para as pessoas, sou simpática, faço piadas
Todos me olham admirados
E me acham uma pessoa feliz
Mas não sabem que é um artifício da minha alma
Para calar a tristeza que carrego desde sempre
Para ocultar a dor instalada no meu coração
E para que pensem que não preciso de ninguém...
As horas passam sem que eu perceba
Volto para casa ainda apática,
Finjo a mim mesma estar preocupada com a demora do ônibus
Mas, na verdade, para mim tanto faz
Afinal, eu vou chegar em casa e vai estar tudo do mesmo jeito
Encontrarei minhas lembranças espalhadas pelo chão,
Olharei para meus familiares, que não compreendem o que sinto
Tomarei meu banho quente ainda pensando em como me curar dessa doença que afeta meu coração e minha alma
Me sentirei ridícula por meus pensamentos
Darei risada da minha própria cara
Mas continuarei sentindo as mesmas coisas...
Abrirei meu correio eletrônico, mas ninguém me mandou e-mail
A resposta que eu esperava simplesmente não chegou
Esperarei por você no msn, mas você não vai entrar
Deixarei o celular ao meu lado, na esperança de que você me mande uma mensagem
Mas as horas passarão, e ele não tocará...
Então finjo estar com sono,
Deito em minha cama, imploro a Deus por um caminho
Choro em silêncio, inquieta
Peço para ter o meu amor de volta,
Ou para, pelo menos, sentir felicidade nesse maldito coração
Sentir sangue pulsando nessas veias tão fracas e tão cansadas de tudo
Ou, quem sabe, fechar os olhos e nunca mais abrir...
E assim adormeço e me transporto para um mundo só meu
Um mundo onde posso ter tudo o que quiser, ser tudo o que quiser
Um mundo onde meu coração fica em paz...
Eu quero ficar nesse mundo para sempre
Mas o despertador não deixa...
A vida me chama,
Mas eu não quero ir,
Porque eu sei que assim que abrir os olhos
Começará tudo de novo...

0 comentários: