Objetivo

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Sobre Desistir

Desistir e colocar a culpa do nosso fracasso na vida e nas outras pessoas é muito mais fácil do que levantar da cama de manhã, tomar uma injeção de ânimo e encarar a vida como se aquele fosse o seu último dia de existência nesse mundo.
Acredito que não damos muito valor à nossa vida porque temos certeza de que amanhã haverá outro dia, e depois outro, e depois outro... mas, quem pode nos garantir isso, que haverá um amanhã? Ninguém sabe o dia em que vai morrer, mas de uma coisa todos temos certeza: um dia, todos nós vamos morrer.
E este dia não está escrito em nenhum lugar que possamos ler, portanto, não podemos jogar no lixo o dia que pode ser o último de nossas vidas... não podemos deixar de dar o que talvez seja o último sorriso, o último suspiro, o último “eu te amo”, o último olhar...
Que lembrança queremos deixar na mente das pessoas com as quais convivemos: a de alguém que sorriu até nos momentos de adversidade e tentou até mesmo quando tudo era impossível, ou um olhar frio e amargo de alguém que desistiu de tudo antes mesmo do final?
Sofrer e se fazer de vítima da vida é muito mais simples do que recolher os cacos de nosso coração estraçalhado pela dor e recomeçar a trilha pelo longo e tortuoso caminho. Mas o que não podemos nunca esquecer é que até os caminhos mais difíceis levam a lindos e ensolarados lugares. Nem sempre vencemos, e nem podemos exigir isso da vida, pois seria injusto com aquelas pessoas que passam por muito mais provações do que nós, e o importante na vida, de fato, não é vencer, mas é saber lidar com todos os sentimentos e emoções que nos cercam: a alegria, a tristeza, a dor, o cansaço, a apatia, o fracasso, a vitória...
É saber que hoje talvez tudo tenha dado errado, mas que amanhã você vai acabar percebendo que aquilo que julgava errado era, na verdade, o certo, era o que realmente deveria ter acontecido, mas você simplesmente não notou, é saber que depois de toda noite, independente de quanto tempo a escuridão dure, o dia sempre amanhece. Pode ser que ele amanheça nublado, mas, inevitavelmente, um dia o sol voltará a brilhar. É ter a sensibilidade de perceber que não somos os únicos que sofremos no mundo, apenas somos aqueles que sofrem e deixam a dor transparecer. É saber que o rumo que a nossa vida toma não depende do destino e nem está escrito no livro de Deus ou em qualquer outro livro; ele depende apenas da maneira como nós conduzimos tudo. É saber sentir tristeza sem transformá-la em depressão; é saber fracassar sem acreditar que nunca mais vai vencer; é perder um amor e chorar por ele sem acreditar que era a sua alma gêmea e que nunca mais na vida você vai amar outra pessoa; é acordar dominado pelo cansaço e transformá-lo num sorriso longo e simpático; é saber caminhar ao lado de quem caminha com você; é amar sem nada cobrar e sem nada esperar em troca; é acreditar num amanhã feliz, mas não apenas acreditar: lutar para que isto aconteça.
A maioria de nós encara a sua vida como espectador, não como o protagonista da história. Quando somos espectadores, apenas assistimos a uma seqüência de fatos, aguardando o clímax da história, quando todos os conflitos se resolverão e tudo ficará bem. Quando somos os protagonistas, precisamos correr atrás de tudo o que quisermos, caso contrário, nada acontecerá. Se você não escreve a sua própria história, a vida se torna a autora dela. Se você não sabe nadar, a maré te arrasta para onde ela quiser. E você está vulnerável, isso é um fato incontestável...
Queremos ser espectadores ou protagonistas das nossas vidas? Nada cai do céu. Deus ajuda, sim, mas não pode fazer absolutamente tudo por nós. É pouco Deus para muita preguiça! Que Ele nos dê fé, força e discernimento para que possamos trilhar o caminho na busca por nossos objetivos.
Ninguém é responsável pela nossa felicidade além de nós mesmos. E se não somos felizes com nossa própria presença, nenhuma outra presença será capaz de aliviar o nosso coração...

"Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez."
(Jean Cocteau)

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