Objetivo

segunda-feira, 17 de março de 2008

Segurando a Corda

"Esta é a história de um alpinista que sempre buscava superar mais e mais desafios. Ele resolveu, depois de muitos anos de preparação, escalar o Anconcágua. E ele queria a glória somente para si. Resolveu então escalar sozinho, sem nenhum companheiro, o que seria natural no caso de uma escalada dessa dificuldade. Ele começou a subir e foi ficando cada vez mais tarde, porém ele não havia se preparado para acampar e resolveu seguir a escalada, decidido a atingir o topo.
Escureceu, e a noite caiu como um breu nas alturas da montanha, e não era possível mais enxergar um palmo à frente do nariz, não se via absolutamente nada. Tudo era escuridão, zero de visibilidade, não havia lua e as estrelas estavam cobertas pelas nuvens. Subindo por uma "parede", a apenas 100 metros do topo, ele escorregou e caiu...
Caia a uma velocidade vertiginosa, somente conseguia ver as manchas que passavam cada vez mais rápidas na escuridão. Sentia apenas uma terrível sensação de estar sendo sugado pela força da gravidade.
Ele continuava caindo e, nesses angustiantes momentos, passaram por sua mente todos os momentos felizes e tristes que ele já havia passado em sua vida. De repente, ele sentiu um puxão forte que quase o partiu pela metade.... Shack! Como todo alpinista experimentado, havia cravado estacas de segurança com grampos a uma corda comprida que fixou em sua cintura. Nesses momentos de silêncio, suspenso pelos ares na completa escuridão, não sobrou para ele nada além do que gritar:
- Oh, meu Deus! Me ajude!
De repente uma voz grave e profunda respondeu:
-O que você quer de mim, meu filho?
- Me salve, meu Deus, por favor! –
Você realmente acredita que Eu possa te salvar?
- Eu tenho certeza, meu Deus.
- Então corte a corda que mantém você pendurado...
Houve um momento de silêncio e reflexão. O homem se agarrou ainda mais a corda e refletiu que se largasse a corda morreria...
Conta o pessoal de resgate que no outro dia encontraram um alpinista congelado, morto. Agarrado com as duas mãos a uma corda... A não mais de dois metros do chão. E você...? Está segurando a corda...??? Por que você não a solta...???"
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Certo dia, em mais um daqueles onde o desespero toma conta dos meus pensamentos e atitudes, recebi este texto por e-mail. Confesso que desde o dia em que tomei conhecimento destas palavras, nunca mais parei de me fazer uma pergunta: será que eu devo soltar a corda?
É claro que sei que este texto é uma fábula, mas, de qualquer maneira, ele nos remete a fazer uma reflexão sobre a própria vida: será que estou agarrada a algo que não vai me levar a lugar nenhum, sendo que o simples fato de soltar a corda, mesmo achando que despencarei de metros de altura e não suportarei, me salvará?
Já não sei mais o que pensar da vida, mas confesso que estou cansada. Já não tenho mais vontade de trabalhar, nem de ir para a faculdade, nem de dizer nada a ninguém. Estou em um momento de vazio e de constantes questionamentos sobre a minha vida.
Sinto-me uma fracassada, pois o maior objetivo da minha vida foi o único que eu ainda não consegui cumprir, e isso me dói como um punhal cravado no peito.
Eu quero soltar a corda, eu quero entregar tudo nas mãos de Deus, mas como lidar com a ansiedade e a desmotivação do dia-a-dia? Se eu pudesse escolher, eu não queria estar aqui para passar por tudo isso.
Eu só queria ser uma pessoa normal, com sentimentos normais, com orgulho suficiente para saber a hora de parar, e com força para encarar as adversidades da vida com coragem e com a cabeça erguida. Mas, quem sou eu, afinal?
"Sem forças para tentar, mas sem coragem para desistir".

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