Objetivo

quarta-feira, 5 de março de 2008

Viver sem Sonhos

Ainda estou tentando aprender como se vive sem sonhos, mas a cada dia compreendo que isso não é possível. Alguém sem sonhos é como uma noite sem estrelas: não tem brilho, não tem beleza, não tem vida. Por todos os lados que se olha, só se vê vazio.
Ainda estou lúcida, vendo o mundo ao meu redor. Vejo as pessoas caminhando apressadas pela estação, para não perder o trem. Elas têm o objetivo de chegar a algum lugar, enquanto eu continuo caminhando lentamente, apenas observando-as. Vejo os carros que passam ao meu lado, indo para onde? Não sei. Mas indo para algum lugar. Eu permaneço caminhando lentamente, apenas observando. Vejo pessoas sorrindo ao meu redor, interagindo, brincando. E eu permaneço muda, apenas observando. Já não tenho mais nada a dizer, já não tenho nenhum motivo para sorrir. Eu olho para o sol e não vejo seu brilho. Há apenas uma névoa que paira sobre a minha cabeça.
Penso em ligar para você, mas sei que já não tenho mais nada a te dizer, pois gastei todas as minhas palavras e o meu tempo tentando te convencer de um amor que você simplesmente não acredita ou não quer para a sua vida, e a dor já doeu tanto em mim que agora eu me sinto como se estivesse anestesiada. Passei tantos dias e noites esperando uma ligação que não veio, com uma ansiedade tão grande que me trazia sintomas físicos, que agora já nem me aproximo mais do meu celular, pois já me acostumei com o fato de que ele nunca toca. Derramei tantas lágrimas por conta da saudade que agora já não tenho mais nenhuma lágrima para chorar. Já sofri tanto pelo seu amor, que agora parece que já não há nenhuma dor para sofrer. Perdi tanto tempo me segurando na corda do passado, que agora parece que até o futuro me abandonou...
Sei que a única coisa que temos a nos dizer é adeus, mas um adeus com o sentido real da palavra, adeus para sempre, não aquele adeus com gosto de “nos vemos um outro dia”, e, embora eu saiba que é o melhor a ser feito, eu tenho muito medo, porque eu ainda te amo. Eu não tenho mais forças para tentar, e nem coragem para desistir. Eu sempre te quis e continuo te querendo como nos velhos tempos, quando os nossos sonhos ainda eram possíveis de se tornarem reais, e as horas passam de um jeito que eu nem vejo, porque eu estou lá, perdida numa saudade sem fundamento, querendo querer o que não posso, consumindo meus últimos resquícios de sanidade...
Meu corpo e minha alma adoeceram, mas o amor não... ele continua ali, do canto da sala ele me olha e ri de mim, e quando eu deito, ele deita ao meu lado, e eu simplesmente não posso evitar...
Eu procuro, ansiosa, por seus olhos, para poder te perguntar o que será de nós, mas quando te olho perco a coragem, porque tenho medo da resposta. Eu tenho medo do futuro. Eu tenho medo de te perder para sempre. Eu tenho medo do medo...
Eu não me importo se amanhã não amanhecer, eu não me importo se tudo acabar por aqui, talvez porque para mim já tenha acabado há muito tempo. Vê esse sorriso? É falso. Vê esse olhar? É de mentira. Apenas esconde uma alma vazia, cansada de tentar evitar o inevitável.
Sim, eu já ouvi falar de motivação, de fé, de força. Mas parece que até elas se cansaram do meu monólogo triste de solidão e partiram.
Cada dia mais só, eu me pergunto: o que a vida vai fazer de mim?

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