Objetivo

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Eu amo você demais!

Ontem, eu pensei que fosse enlouquecer. Na madrugada de segunda para terça-feira, simplesmente não consegui dormir, porque meu filho gritou a noite inteira.
Deitei com ele às 22hrs., e ele gritou até às 2hrs da manhã. Quando, já atordoada com tantos gritos, briguei com ele, minha mãe veio em meu socorro, e ficou com ele para eu poder dormir um pouco, pois no outro dia, às 5h30, deveria estar de pé para trabalhar.
No outro dia, minha mãe telefonou no meu trabalho dizendo que meu pequeno não estava bem, que tinha tido febre a noite e que estava bem enjoadinho. Fiquei uma pilha de nervos e muito preocupada com a possibilidade do meu pequeno estar doente, principalmente porque meu "sobrinho" (sobrinho do pai do meu filho, mas é como se fosse meu também) que tem a mesma idade do Rhian, está internado e isso já me causou uma tristeza enorme, e só a vaga ideia da internação do meu filho também já me desespera. Eles são muito pequenos ainda e o fato de ficarem doentes causa frio na espinha de qualquer mamãe. E o pior de tudo é que eles não sabem dizer o que estão sentindo, o que torna o diagnóstico ainda mais difícil.
Meu estresse aumentou ainda mais ao tentar falar com o pai do Rhian e não ser atendida. Quando, finalmente, consegui o contato, escutei um "ah, tá" ao dizer que nosso filho estava doente. Sabe, que ele é um cara desprendido de diversas coisas de sua vida eu sou obrigada a aceitar, embora não compreendendo, mas estender esse desprendimento para o próprio filho, que não tem nem um ano de idade, aí já é uma coisa que não dá nem para aceitar! É revoltante demais!
Eu já falei aqui outras vezes do quanto é difícil ser mãe solteira, do quanto o encanto da maternidade fica comprometido quando temos que assumir a maior parte das responsabilidades sozinha e da revolta e tristeza que tomam conta do coração de uma mãe que não pode contar com o pai para nada, pois nunca sabe quando ele estará disponível, mas eu achava que com o tempo eu me acostumaria a essa vida e deixaria de me importar com esse "detalhe", afinal, tenho a meu lado a pessoa mais importante desse mundo para mim, que é meu filho, e isso já deveria me bastar, mas eu errei. A dor de ser abandonada grávida pelo homem que se ama nunca passa, nunca se apaga, por mais que você queira. E tudo o que eu calei nos cinco meses em que eu nem sabia se meu filho teria o nome do pai no registro, eu tenho vontade de colocar para fora agora, completamente fora de hora, eu sei.
Eu sempre sonhei com uma família completa, pai, mãe e bebê, mas não porque eu seja uma pessoa tradicionalíssima, ligada a convenções (porque não sou mesmo!), mas porque foi esse o ideal de felicidade que eu criei para mim. Dividir a vida ao lado de alguém que se ama e ver os frutos desse amor crescerem e construírem novos amores pelo mundo afora é algo mágico, que completa a vida de uma pessoa. E era o que eu queria para a minha vida até ver o resultado positivo do meu exame de gravidez e ser dominada pelo pavor de pensar que meu sonho seria destruído naquele momento. Porque, no fundo, eu sempre soube que se engravidasse dele seria mãe solteira, porque ele nunca esteve, e continua não estando, preparado para assumir responsabilidades na sua vida.
Meu maior medo aconteceu. Eu sofri muito, e continuo sofrendo. Foi um golpe de morte para mim o abandono e, pior, a rejeição completa. A decepção foi tão grande que continua cantando tristes canções na minha vida, mais de um ano depois.
E agora, com meu filho já nascido, eu sou obrigada a ver e aguentar situações desagradáveis, indiferença, negligência, despreparo. Mas eu não suporto mais. Um dia meu filho vai compreender as situações, e elas vão machucá-lo, e eu não vou admitir que isso aconteça, porque meu filho já sofreu demais antes mesmo de nascer, porque, com certeza, sentiu toda a minha dor e revolta.
Meu filho merece ser feliz, merece ser amado, merece ter uma família, e é por isso que vou lutar por ele até o fim, mesmo que isso signifique abrir mão do grande amor que eu senti e ainda sinto em meu coração, mas que não tem nenhum futuro, só vai me levar direto ao abismo.
Ontem eu briguei, sim, e vou brigar quantas vezes forem necessárias, porque meu filho merece toda a atenção e respeito desse mundo, e eu não posso arcar com tudo sozinha. Eu já não me importo mais se minhas atitudes vão despertar o ódio dessa pessoa que eu tanto amei, porque esse amor já não é mais o foco da minha vida. Pelo meu filho, sou capaz de enfrentar tudo e todos, de passar por cima dos meus próprios sentimentos, de me reinventar.
Mas quando a noite cai e todos já foram dormir, eu ainda choro porque o cansaço me impede de sonhar novos sonhos. Eu ainda me pergunto por que tudo teve que dar errado. E, de repente, eu descubro que ainda alimento os mesmos velhos sonhos dentro de mim, sonhos esses que já sei que são impossíveis, mas que insistem em me atormentar.
Mas quando meu filho chora no berço, as minhas lágrimas secam. Eu o acolho em meus braços e o deito em minha cama, sua face serena encontra a minha e suas mãozinhas buscam sentir o calor do meu corpo. Então, ele adormece novamente. E é só nessa hora do meu dia que eu sinto a felicidade verdadeira invadindo meu coração.
Não importa o quão arranhada esteja a minha alma, a alegria de sua existência sempre enche meu coração e me dá fôlego para encarar um novo dia, um novo problema, uma nova decepção.
Ser mãe é realmente um dom divino.

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