Objetivo

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Meu processo de emagrecimento - reflexão

Tentar emagrecer já não é nenhuma novidade para mim, pois vivo em guerra com a balança desde que me entendo por gente. Sempre fui gordinha, desde criança. E sempre vivi com o preconceito, com o descaso, com as piadas de mau gosto, com o complexo de inferioridade por causa disso.
As lutas com a balança são árduas e longas, e eu já tive sucesso algumas vezes, mas voltei a relaxar e o fracasso tomou conta de tudo novamente. Já atingi meu peso ideal e fiquei com um corpo lindo, mas continuava me olhando no espelho e me sentindo a pior pessoa do mundo.
O meu grande mal, na verdade, não é o meu peso, até porque, gorda ou magra a minha essência é sempre a mesma. O grande problema é a visão que tenho a meu próprio respeito. Tudo isso é uma pura e simples questão de falta de autoestima.
Para ser sincera, eu sempre me escondi atrás dos quilos a mais, culpando-o por fracassos que nada têm haver com eles, mas sim com a minha própria alma, e com a minha forma de encarar a minha própria vida.
Eu nunca me amei o suficiente para dizer não ao que me machuca. Eu sempre aceitei "esmolas" das pessoas, porque sempre busquei, desesperadamente, ser aceita e amada por todos a meu redor. Mas hoje eu vejo que amor não é uma coisa que precisamos conquistar: ou determinada pessoa nos ama, ou simplesmente não ama. E se não amar, nenhum esforço a fará mudar de ideia.
Eu sofri muito na minha vida, porque tinha a crença de que poderia mudar o mundo e as pessoas. O que eu não percebi é que ninguém pode ser mudado por mim além de eu mesma. Como eu poderia ousar querer mudar a atitude de alguém, se sou incapaz de mudar as minhas próprias? Como posso querer revolucionar o mundo se não consigo nem controlar minha própria alimentação?
Foi como se um clarão tivesse surgido na minha cabeça. Antes, eu me fazia de vítima do mundo, achava que todos os males da minha vida estavam atrelados a terceiros, ao meu peso, a Deus. Sentia-me injustiçada, não conseguia compreender por que as coisas nunca davam certo para mim. Então, comecei a ler livros. Primeiro veio "A Lei da Atração Universal", que eu achei ridículo na primeira leitura; depois veio "O Segredo", que eu passei a acreditar um pouco mais, embora ainda desconfiada; e, por fim, "Você pode curar sua vida", que ganhei de presente da minha irmã em meio a uma das minhas crises de depressão.
Passei a não somente ler o livro descompromissadamente, mas a refletir sobre aquelas palavras. Comecei a prestar atenção nas coisas que eu dizia e fazia por aí e, finalmente, notei uma coisa muito grave: como posso querer atrair coisas boas à minha vida, se só penso e falo sobre coisas negativas? Comecei a ficar assustada, pois a tal da teoria de que somos nós que atraímos tudo em nossas vidas faz muito sentido.
Somado a essas leituras, após ter meu filho, confesso que passei a ter uma visão diferente da vida. Eu era uma pessoa muito descrente de tudo, e meu pequeno anjinho devolveu esperança aos meus dias. Comecei a sentir o desejo de mudar para dar o melhor de mim a ele e, aos poucos, fui me reerguendo.
Considero que saí das profundezas do inferno, e quando vi a luz, em um primeiro momento fiquei cega. Eu já vinha sofrendo há muito tempo. Amores e mais amores fracassados, porque nenhum deles correspondia às minhas expectativas. Eu queria ser amada, mas sempre me relacionava com homens confusos e incapazes de um gesto real de amor. Quando, finalmente, acreditei ter encontrado o grande amor da minha vida, a história sofreu uma reviravolta: um término repentino, sem justificativas, sem um olhar, sem um adeus concreto.
Ao invés de seguir a vida e buscar novos horizontes, continuei sofrendo por longos oito meses, tentando compreender o incompreensível. Eu queria aquele amor na minha vida de qualquer jeito, porque eu me agarrava a ele acreditando que era a minha única e última chance de, finalmente, ser feliz.
Tanto eu fiz, quis e esperei, que esse amor voltou para a minha vida. Mas só eu amava. Ele, apenas se divertia, matava o tempo comigo, por falta de algo melhor para fazer.
E, então, em meio a uma história louca e confusa, eu fiquei grávida. Como todos aqui já sabem, fui abandonada. Pensei que não fosse suportar, mas com a ajuda de familiares e amigos e com uma força indescritível enviada por Deus, hoje estou aqui para contar a história. O pai do bebê voltou, mas quis assumir somente o bebê. A mãe apaixonada levou mais um choque.
Quando meu filho nasceu, entrei em depressão. Mas, graças a Deus, não foi aquela depressão de rejeitar a criança, mas a de superprotegê-la. Eu tinha medo que qualquer coisa pudesse acontecer ao meu filho. Eu tinha medo de não conseguir ser a mãe que ele merecia. Eu chorava todos os dias enquanto tomava banho, pois não queria que as pessoas me vissem naquele estado. Eu tinha vontade de morrer, mas, ao mesmo tempo, lutava para sobreviver porque sabia que meu filho precisava de mim. Eu não me arrumava mais. Eu não queria que a licença-maternidade acabasse, porque eu não queria estudar e nem trabalhar.
Cheguei aos 92 quilos na gravidez. Fiquei enorme, uma barriga imensa e pesada que eu já mal aguentava carrega raos 8 meses de gestação. E meu filho nem nasceu tão grande assim, era uma criança normal (3,240 kg. e 49 cm.).
Depois do parto, quis morrer quando me vi nua no espelho pela primeira vez. Senti mais vergonha do meu corpo do que de costume, e coloquei na cabeça que o pai do meu filho estava certíssimo em não querer uma mulher horrenda como aquela da imagem.
Emagreci 15 quilos dois meses após o parto, mas engordei tudo de novo em menos de 4 meses. Comia para esquecer a dor que dilacerava o meu corção. Comia para não pensar no quanto eu fui rejeitada pelo homem que eu amava. Comia para preencher um vazio que eu nem sabia de onde vinha.
As críticas eram cada vez mais fortes. Minha mãe ficava o tempo inteiro fazendo comentários sobre meu corpo e meu desleixo em relação à minha aparência. Eu não queria saber de mais nada, apenas do meu filho.
Em julho do ano passado, quando meu filho estava com 5 meses e eu comecei a namorar de novo a ideia de cometer suicídio, decidi procurar ajuda. Iniciei um tratamento com uma psicóloga e um psiquiatra.
Muitas pessoas dizem que esses tratamentos não resolvem nada, que é tudo conversa para arrancar dinheiro das pessoas, mas eu sou a prova viva de que isso é mentira. Gradativamente, comecei a melhorar.
Comecei a voltar a cuidar da minha aparência, ou, pelo menos, vestir roupas decentes para trabalhar. Voltei à faculdade, tive muitas dificuldades, mas passei de ano sem reprovação em nenhuma matéria. Pela primeira vez na vida, senti orgulho de mim.
No meu aniversário (outubro), minha mãe me presenteou com uma calça jeans, e qual não foi minha surpresa ao, no provador, perceber que somente a tamanho 48 me serviria?
Saí da loja derrotada, com a calça 48 na sacola. Alguns dias depois, decidi que não era isso o que eu queria para minha vida. Por que estava fadada ao fracasso, se tinha chance de mudar minha vida? Voltei à loja e troquei a calça pelo tamanho 44.
Minha mãe riu de mim, disse que eu estava desperdiçando o dinheiro dela, porque eu nunca caberia naquela calça. Por um instante, achei que ela tinha razão.
Depois da troca da calça, 3 meses se passaram até a decisão definitiva do emagrecimento. Mais de 40 dias se passaram após a decisão e 9,5 kg. já foram embora do meu corpo.
O que mudou, afinal? A minha atitude.
Eu me lembrei dessa calça, que está no meu cabide neste momento, porque eu estou vestida em uma calça jeans hoje que já sai do meu corpo sem que eu abra os botões, então comecei a pensar se agora, pelo menos, ela já passa nas minhas coxas. Quando chegar em casa, inclusive, vou experimentá-la para fazer o teste.
Continuo sendo a mesma pessoa de sempre, com meus medos e neuras, mas descobri que o caminho para o sucesso, em qualquer área da nossa vida, é primeiro nos enxergarmos e aceitarmos como a pessoa sensacional e única que somos, para só depois disso começar a implementar mudanças na nossa vida.
Eu percebi que não preciso esperar eliminar os 32 quilos para me cuidar, pintar minhas unhas, vestir uma roupa bonita, arrumar o cabelo, sair para me divertir e conhecer pessoas, posso fazer isso hoje, agora. Porque, antes de qualquer coisa, gorda ou magra, continuo sendo a mesma mulher inteligente, espontânea e extrovertida de sempre, que tem o direito de ser feliz como qualquer outro ser humano deste planeta, não importando se gorda ou magra.
O que mudou é que hoje eu quero emagrecer por mim e para mim, e não para agradar pessoas ou me encaixar em padrões impostos pela sociedade.
Quero emagrecer porque vai fazer bem à minha coluna e aos meus joelhos, e porque vai me alegrar quando eu me olhar no espelho, e não porque eu acho que só vou encontrar um amor quando vestir uma roupa tamanho 40.
A mudança está na minha alma, por isso minhas atitudes mudaram, por isso a força de vontade tomou conta da situação, pela primeira vez em 24 anos de vida. Eu parei de concentrar toda a minha energia em terceiros, e passei a olhar para mim.
Transformei meu blog em um cantinho de emagrecimento, além dos desabafos já postados antes, passei a acompanhar a trajetória de outras pessoas que lutam contra a balança, e vi que sou uma pessoa normal, porque essas pessoas têm medos, anseios, obstáculos, dificuldades e sonhos como os meus. Eu me senti mais humana, mais real, e com uma imensa vontade de ser feliz agora, mesmo com 22,5 kg. acima do meu peso. Porque eu não valho o quanto eu peso, eu valho o que eu sou como pessoa, como mãe, como mulher, como amiga, como cidadã. E eu nunca fiz o mal a ninguém, então por que fico me auto-sabotando? Eu quero e posso ser feliz, agora.
Hoje eu tomei coragem e me inscrevi em um desses desafios de perda de peso de um blog (Quero sair perdendo) e estou animadíssima para começar, pois quando mais pessoas se unem em prol de um objetivo, a energia positiva que cada um emana, maximiza os resultados. E todas as pessoas que estão nesta luta, são pessoas de caráter, de fibra e com força de vontade, e não é o peso a mais que as faz inferior a ninguém.
Porque peso, se perde e se ganha. Caráter, não. Ou você tem, ou não tem. Não se compra, não se conquista, não se encontra nem com muito esforço. E o melhor: ele independe do tipo físico.

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