Como estão todas vocês? Espero que maravilhosamente bem, e que esta terça-feira seja muito iluminada para todos nós.Andei pensando muito nos últimos dias, analisando meus posts e seus comentários, e percebi que ando espalhando tristeza com minhas palavras, estou sempre com um discurso melancólico, infeliz e resmungão que não está me levando a lugar nenhum, apenas me trazendo mais tristeza. Ao ler os comentários de vocês, mais uma vez noto que têm toda a razão: desistir e desanimar jamais, pensar mais em mim, me cuidar, me amar e me valorizar estão entre as principais coisas que devo fazer da minha vida, não somente neste momento, mas para sempre.
Eu sempre me senti inadequada diante da vida e das demais pessoas, sempre acreditei que não merecia ser feliz porque não estava dentro dos padrões aceitáveis de beleza. Na minha cabeça doente, era correto e normal as pessoas me humilharem e me abandonarem, por eu ser gorda e feia. Sim, é loucura, eu sei. Mas fazendo terapia, são essas coisas que eu ando descobrindo por detrás dos meus fantasmas e traumas.
Eu sempre banquei a "descolada", que não está nem aí para nada e nem para ninguém, a crítica dura dos homens e suas atitudes sempre iguais, a mulher independente que não precisa de ninguém para ser feliz, mas todas essas faces são personagens que criei para esconder a minha verdadeira face de uma mulher insatisfeita com a sua própria vida e inconformada com os constantes fracassos de todos os seus relacionamentos amorosos.
Eu vivo da revolta de um passado. Eu respiro raiva, frustração e desejos de vingança. Eu sou como uma viciada em cinema: assisto o mesmo filme toda semana, e eles me causam as mesmas emoções fortes, como se fosse a primeira vez que estivesse vendo as cenas.
Porém, eu descobri que o problema não está onde eu achava que estava: eu acreditei fielmente por todos esses anos que a minha vida não dava certo porque eu sou gorda, mas desde que entrei na blogsfera light, conheci um monte de gordinhas bem resolvidas, bem casadas, profissionais de sucesso e muito felizes, e a teoria na qual me agarrava para viver caiu por terra. Eu fui obrigada a me despir do meu disfarce e me olhar minuciosamente, completamente nua. Eu vi o medo estampado na minha face, eu vi um desejo louco de ser aceita e amada gritando dentro de mim, eu vi uma menininha acuada num canto escuro, esperando alguém aparecer e convencê-la de que, sim, ela é merecedora de felicidade, ela pode mudar o rumo de sua história, ela pode escrever capítulos de alegria e sonhos. Eu sou essa menininha. Achei que já era uma mulher madura e preparada para a vida, mas descobri que não passo de uma menininha assustada e insegura.
Todos nós podemos ser bonitos, atraentes e agradáveis, não importa a forma física. "Quem ama o feio, bonito lhe parece" sempre foi um ditado que a minha mãe me disse, e hoje eu entendo suas palavras: gostar de outra pessoa está além de admirar seus atributos físicos: caráter, alegria, senso de humor, equilíbrio, amor-próprio são outros ingredientes que tornam o prato extremamente saboroso. Ninguém consegue convencer o outro só com um rostinho bonito e nenhum conteúdo.
Eu continuo me condenando por não ter o peso e as medidas dos padrões de beleza da sociedade, sem perceber que tenho qualidades importantes e relevantes para o mundo, que posso ser bonita com essa beleza mesmo que Deus me deu e uma boa dose de bom humor e alegria, que posso ser uma maravilhosa companhia, independente do manequim que uso, e que as pessoas que não gostam de mim por causa da minha aparência não merecem um minuto da minha atenção.
O fato de outros amores não terem dado certo na minha vida não significa que nunca encontrarei uma pessoa especial para dividir a vida. Ter sido abandonada no passado não significa que a culpa foi minha, que fiz algo de errado, apenas significa que não era a hora certa, nem a pessoa certa.
Aos 24 anos, quase 25, cheguei em um momento crucial da minha vida, até um pouco assustador: o caminho do autoconhecimento. Chegou a hora de deixar para trás velhos hábitos, abandonar comportamentos infantis e possessivos, respeitar as decisões das outras pessoas, mesmo que elas me machuquem, deixar sair da minha vida tudo aquilo que não me faz feliz, e isso inclui pessoas também. Chegou a hora de parar de me desabonar como pessoa só porque peso 80 kg. e tenho marcas de espinhas no rosto, me valorizar, me respeitar e me amar pela pessoa única que sou, esquecer todo o passado de dor e humilhação e escrever uma nova história. Chegou a hora de abandonar a posição de vítima, enxugar as lágrimas, recolher os cacos, jogá-los no lixo e construir uma nova vida, com novos caminhos e novas possibilidades. Chegou a hora de ser melhor do que eu fui ontem, mas sem tirar meus méritos sobre o que vivi até hoje. Chegou a hora de mudar a minha auto-imagem, levantar todos os dias com a fé renovada, passar uma boa maquiagem no rosto, escolher a melhor roupa e estampar um sorriso no rosto, porque atitudes positivas geram energia positiva, que se convertem em alegria.
Como diz minha mãe, "o pensamento gera o sentimento", por isso eu preciso parar de pensar nas coisas que me fazem mal, para não gerar sentimentos ruins, que só prejudicam a mim!
Eu não posso mudar o passado, mas posso aprender com ele e fazer melhor no presente. O futuro? A Deus pertence.
P.S.: Obrigada por fazerem parte deste meu longo e definitivo processo de mudança, esse blog tem feito muita diferença na minha vida.
Hoje eu acordei com vontade de ser feliz!